Cicatrizes O sopro dos dias sussurra no meu rostoNem menina, nem mulherComo se escreve um corpoUm tropeço?Um enganoFoi-se o PertencimentoO eu refletido no véu do nãoLâmina afiadaTão cruaCicatriz fina e friaEm meu rosto estampadoA velhice de minha mãe.Incógnita profusaDolorida de ser consentidaMarcando a peleFeito ferro quente Crédito da imagem: Foto por Alexander Krivitskiy em Pexels.com “OsContinuar lendo “Cicatrizes”
Arquivos do autor:Katja Mota
Banquete aos vermes.
Banquete aos vermes Banquete aos vermes A irregularidadeDa ordem dos diasé cada átomo gritando(Des) acelerar!!!Tempo urgebrada as horas irreversíveispêndulo imperfeitoranhuras insistentes e obrigatórias,comemoradas ano a anoPor quê?o entregar seu respirar ao desconhecido?aplaudir a dor dos dias contados?Acelerarcomer a vida com as mãosSem etiquetaSem permissãosó então……aos vermes mal passado. Crédito da imagem: Pexels.com “Os textos representam aContinuar lendo “Banquete aos vermes.”
sem título
Se bater em meu rosto agorao único som que ouvirá não é o do grito,ou o do pranto,ouvirá o som surdo da casca oca. Se violentar meu peito agora,com a força da pancada brutanão sentira a carne que afunda e sim estilhaços cortantes que me sangram mas não a ti. Se forçar seu corpo contraContinuar lendo “sem título”
SONETO ÀS PALAVRAS MORTAS.
Arranquei as páginas do diárioPequenas e frágeisMomentos livresEximidos dos seus próprios pesos Arranquei as notas frágeisDe uma canção antigaO silêncio doloridoSuavizando o compasso Agora há abismo em suas páginasUm dia inexistenteAmanhecido e anoitecido em segundos Folhas sem pautasPequenos pedaços da mudezContidas na cadência do soneto. Crédito da imagem: Foto por Alina Vilchenko em Pexels.com “OsContinuar lendo “SONETO ÀS PALAVRAS MORTAS.”
NOVELA
Assistia todas as novelas, das duas, seis, sete, oito e qualquer outra reprise que pudesse passar entre esses horários. Entre sonhos e panelas, desejos e afazeres, aquela vida encantada das novelas dividia sua mente entre os devaneios e a realidade, mais devaneios que realidade. Se imaginava a mocinha da trama das seis e num passeContinuar lendo “NOVELA”
O Gato
O Gato. Sabe, eu nunca gostei muito de gatos, creio que a independência deles me agride um pouco. Então decidi: nunca terei gatos. E lá estava aquele. Um dia apareceu em cima do muro, lá ficou com seu passo lento e calculado, me olhando, de longe; Petulância. No outro dia, o “desgramado” estava dormindo noContinuar lendo “O Gato”
IN MEMORIAN
O dia chora contra meu peitoLágrimas frias de partida.Não das palavras,VivasAgarradas ao muro feito HeraFeito EvaSobem esgueiras e transcendentes.Agarram o tempo do poema que prometiE não cumpriNão cumpri porque eram suas as palavrasDe seus segredosQue me pediu duras de vidaPara trazer de voltaOs passarinhosVerdesDa sua juventude. (In memorian Isabel Pakes) Crédito da Imagem: Foto por cottonbroContinuar lendo “IN MEMORIAN”
FURTIVO
Por: Katja Mota De seus dedos teias Invisíveis e sensíveis Me pegam pelas mãos, Pés atam-me pelas pernas CorposDistante-dentroBuscam (se furtam) o cheiro de pertencer Despertar da noite-adeus O meu passo sólido(Ébrio)PercorrePerseguea criatura enluaradaMinguando certezas. Crédito da Imagem: Foto por murat esibatir em Pexels.com “Os textos representam a visão das respectivas autoras e não expressam aContinuar lendo “FURTIVO”
Memento
Memento. Gosto de te esquecer Gosto de te esquecer todos os dias Como um processo degenerativo, te lembrar. Para então, Ter motivo de esquecer. Gosto de verificar as portas e as janelas Me certificar continuam fechadas. Te olhar rindo nos dentes de domingos E desfolhar as cartas de mínimas Escritas Ditas Lidas Guardadas Furtivas DeContinuar lendo “Memento”
HERANÇA
De mim meus filhos herdarão todos os nomes. As dores. E todos os amores. Herdarão o fruto e a semente. De mim meus filhos herdarão o que há por vir. Herdarão o fim e o começo. O que fui. O que quis. Herdarão tudo o que há de juntos. Tudo o que há de tudo.Continuar lendo “HERANÇA”