Por favor avisa lá nêgo. Avisa que sou filha do estupro da índia, Do trabalho escravo. Da imigração japonesa, Que sou neta de Sinhá. Avisa que sou branca, negra, azul, vermelha e amarela. Sou filha da terra também. Que brotei do ventre de terras Brasili’s Minha cultura é osmótica… Minha alvura é zica genética. AvisaContinuar lendo “MULHER”
Arquivos do autor:Katja Mota
Errante
Um dia torto. Cancelam-se as alegrias Anulam-se a saliva nos cantos Cala a língua minguante Entre incisivos. Apaga esses calores Limpando os vestígios Dos poros dilatados Transpirando as cores desconhecidas As texturas escondidas Dos suspiros sibilantes…? Cale-os Crédito da imagem: PEXELS “Os textos representam a visão dos respectivos autores e não expressam a opinião do SabáticoContinuar lendo “Errante”
UMA BANDA APENAS
Procurou um médico. Procurou porque não suportava mais aquela dor no peito, uma dor estranha. Não que doesse, era dolorida, dor palpável, martelante e contínua que permanecia atada à falta de ar. Faltava-lhe o ar, uma respiração sempre entrecortada como que interrompida e que por mais que inspirasse o ar nunca era o suficiente. Pouco,Continuar lendo “UMA BANDA APENAS”
A CARTA
Oi… Como tem sido sua vida? Me conta, mesmo que não ache importante. Mandei arrumar o carro. Ficou bom, você tinha toda razão, estava precisando. Não entendo porquê relutei tanto. Ainda não consegui ler os livros que me indicou, abro-os, cheiro-os e percebo que não querem ser lidos, só embalados no meuContinuar lendo “A CARTA”
CIGANA
Por: Katja Mota Tudo começou quando não encontrou o sapato habitual no meio do caminho ao chegar em casa. Estranhou, mas não deu tanta importância, enfim, estava cansado, talvez um pouco entorpecido pelo álcool do happy-hour, o fato foi logo esquecido junto com o relaxamento de um banho quente. Os dias passaram normalmente, seContinuar lendo “CIGANA”
Ode fria ao sofá amarelo
durante um tempotive ciúmes.não de corpos atravessadosou atravancados,ciúmes de um quê de todas as pessoas.dos sorrisos que te roubaramexibindo a nudez de seus dentesirregulares.das voltas que seus pés davame tocavam um solo de redemoinhosbalançado os braçosdo vento que produziaao movimentar o ar,aquele que te tocava inteira,na curva de um tempo de aindas.e rangi os dentesContinuar lendo “Ode fria ao sofá amarelo”
SEM NOME
Por: Katya Mota Macerava a folha amarga entre dentes. Amarga de uma mágoa morna, sem grandes arroubos, só uma saudade persistente, afinal já era tempo. Absorvia a seiva fresca que lhe escorria pela garganta, mas sem conter o arrepio que o sabor provocava. Ah o arrepio e seus pelos eriçados! Beijo na boca, hálito naContinuar lendo “SEM NOME”
HEI DE AMAR UMA MULHER
Por: Katia Mota Um dia hei de amar uma mulher Porque já tentei das pedras, já tentei dos bichos e todos os demais seres E hei de amar uma mulher… Cheia de graça, Ciente de suas ruínas. Essa mulher há de caber nos braços. E afogará suas dores Na mansidão do sono profundo. E amareiContinuar lendo “HEI DE AMAR UMA MULHER”