O vento soprava nos dois.Seus cabelos esvoaçantes me fizeram regressar no tempo e sorri no íntimo.Uma pontada de saudade me cutucou. O rosto dela estava banhado de genuína alegria.O dele transparecia um esforço sacrificioso. Ela, sentada, tinha o olhar contemplativo. Apreciava a bonita paisagem que se irrompia a sua frente.A ele não era permitido desfrutarContinuar lendo “Bicicleta”
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Notas
As notas dedilhadas me transportaram para longe Pude apreciar sorrisos, cores esfumaçadas que se misturaram e me trouxeram paz Pude ver castelos lapidados pelas gotas da cera derretida As pequenas chamas descobriram que sabiam dançar com a vibração dos sons Além dos vitrais, pairava uma melancolia bucólica Sorri no íntimo, intensamente agradecida
Lágrimas
Mais uma lágrima desejosa de liberdade fugiu. Saiu apressada, deslizando. Mas, como não sabia voar, caiu e acertou em cheio o fio teimoso de esperança que ainda estava lá. Eu nunca imaginei que aquela coisinha miúda e fluida pudesse fazer tal estrago. Era madrugada, a cidade estava quieta. Acho que por isso consegui ouvir oContinuar lendo “Lágrimas”
Gotas
Olhei para fora e as gotas da chuva escorriam pelo vidro da janela na mesma sintonia das minhas lágrimas. Por um instante, me perdi nessa visão e esqueci um pouco da dor. O dia estava cinzento e melancólico. A música ao fundo também inspirava uma atmosfera tristonha. O trinado lamentoso de um pássaro me tirouContinuar lendo “Gotas”
Dualismo
Acordei ainda atordoada. Minha cabeça pulsava deixando meu rosto contraído de dor. Continuar ali deitada me traria mais desconforto. Levantei meio tonta. Caminhei até à cozinha e tomei um gole d’água bem devagar, tentando alinhar meus pensamentos. Aconteceu de novo. Qual será a razão disso tudo? Porque esses sonhos perturbadores insistem em me atormentar? TalContinuar lendo “Dualismo”
Revelação
Era manhã, mas não de um dia comum. Aquele era especial. Arrumei tudo com a ajuda dos meus queridos familiares e amigos. Comprei comidas variadas. Salgadinhos, confit de tomate cereja, pãezinhos, carne de caranguejo (que adoro) e outras tortas. Encomendei também doces e bolinhos para compor o banquete. A decoração estava linda. Ficou do jeitoContinuar lendo “Revelação”
Cortina de fumaça
Ela chega silenciosa, sorrateira como uma serpente que planeja, meticulosamente, o bote perfeito em sua presa desavisada. Não deixa claro o motivo de sua vinda, mas surge de repente. E assim, nessa fugacidade, o discernimento completamente desprevenido não consegue encontrar defesas. No início, aparece disfarçada de um pequeno sopro no estômago e, antes que seContinuar lendo “Cortina de fumaça“
CALMARIA
Por: Lidya Gois Ali parada, contemplando a infinitude, o silêncio clama por atenção, mas o burburinho dos pensamentos não me permite atender seu chamado. Desço ao mar e deixo o movimento da água espantar o barulho. Por um instante consigo ouvir a calmaria e meu corpo dança na cadência das ondas. Sinto cheiros conhecidos queContinuar lendo “CALMARIA”
ESTAÇÕES
Por: Lidya Gois No inverno perco a roupagem Fico seca, aparento fraqueza e solidão Olho o entorno, as outras estão vaidosamente exuberantes e frondosas A comparação golpeia meu sossego e me lança flechas venenosas Ainda cingida de angústia, decido ouvir o Vento suave sussurrando O que Ele diz me aduba com um novo ânimo AprofundoContinuar lendo “ESTAÇÕES”
CAFÉ COM AMIGAS
Por: Lidya Gois Bem cedo uma amiga sugeriu um encontro. Não demorou muito para o burburinho começar. Várias mensagens palpitando na tela. Quando será? Onde? Que horas? Posso amanhã, eu também. Desculpa, meninas, amanhã irei com a Mimi à casa de uma amiguinha. E se fosse almoço, você poderia? Puxa! Se for almoço eu éContinuar lendo “CAFÉ COM AMIGAS”