Incompleta e desejante

Somos as estórias que contamos? As fantasias que sonhamos? As experiências reais que nos atravessaram? Ou apenas os restos de tudo isso? Será possível existirmos, no tempo e no espaço, limitados e limitantes, em todas e em cada uma de nossas múltiplas facetas?  Se incompletos e faltantes pela própria condição humana existencial, talvez muito pouco,Continuar lendo “Incompleta e desejante”

Desejo

-DESEJO Não sou constituída pelo mesmo substrato que você, homem. Narrativas de infância percorrem as memórias dos contos de fadas. Príncipes? Castelos? Donzelas adormecidas? Bah!!! Deles, trago no corpo as estrelas … a água e o pó das estrelas. Na alma, o sonho pulsante; no coração, a certeza instintiva. Insculpido, no ente, no ventre, oContinuar lendo “Desejo”

Presença

Se puder escolher um caminho em tua vida, escolha se emocionar. Escolha a experiência que te levará para além; afora de tuas margens concretadas. Sempre. Para longe dos sentimentos diários e atitudes orquestradas. Opte por aquela viagem que sonhou, muito antes de poder viajar. Retire da estante o livro que te desafia.  Pés no chão;Continuar lendo “Presença”

Ruídos

Externo …Busca, a mim, a tempestadeEspreita a ventaniaE se abrem as frestas, fendas, fissuras… na alma …O olhar não mais me conduzContradiz … contrapõe … opõe-seConfronta minhas certezasUma a uma. TodasReivindica um lugar, um espaço, um tempoInexistentes… na pele …Pulsam as frestas, fendas, fissurasFeridas … vaziosExpulsa, a mim, a tempestade… interna. Crédito da imagem:  Foto porContinuar lendo “Ruídos”

Verdades ínfimas

Acordou acompanhada pelo Chico. Buarque. “Cotidiano”, a música com a qual despertara naquela terça-feira. Ainda deitada, visitava, por meio da melodia, o ritmo padronizado de suas escolhas; na letra, que se repetia incessantemente em seu pensamento, a estória de uma vida. Dia a dia. Ano a ano. Décadas. Definitivamente, era aquela “A música” que representavaContinuar lendo “Verdades ínfimas”

Fragmentos sociais

Minhas primeiras lembranças de alteridade, de brincadeiras com amigas, trazem a imagem da “Bel”. Uma menina preta. Linda. Altiva. Dois ou três anos mais velha do que eu. Inteligente. Prática. Estudiosa. Olhos incrivelmente brilhantes. Cabelos partidos, trançados, presos – sempre. Organizava todas as nossas brincadeiras, que na época eram bastante restritas. Talvez por falta deContinuar lendo “Fragmentos sociais”

Sem defesas.

Gosto da percepção de que o tato é o mais amplo, complexo e exposto sentido dos seres viventes. Quiçá o único absolutamente em desamparo, pois entregue, sem proteções, à alteridade e ao estranhamento. Integralmente envolto no nada, e lançado no tudo. Visão, audição, paladar, olfato e tato. Cinco os órgãos de sentido a experimentar oContinuar lendo “Sem defesas.”

MULHERES…

A frieza do saguão daquele aeroporto não obstou o encontro dos olhares daquelas mulheres. Duas singularidades, absolutamente díspares, aos olhos do mundo posto. Um duplo de almas, aos olhos do invisível. O jeans, surrado e justo, gritava por autonomia, liberdade e sensualidade. A burca, negra e austera, sussurrava por discrição, tradição e sensualidade. Não seContinuar lendo “MULHERES…”