Desejo

-DESEJO

Não sou constituída pelo mesmo substrato que você, homem.

Narrativas de infância percorrem as memórias dos contos de fadas.

Príncipes? Castelos? Donzelas adormecidas? Bah!!!

Deles, trago no corpo as estrelas … a água e o pó das estrelas.

Na alma, o sonho pulsante; no coração, a certeza instintiva.

Insculpido, no ente, no ventre, o vermelho.

O escarlate se inscreve em minha pele desde que a reconheci como MINHA.

Minha contenção. Meu limite. Minha fonte de experimentação. Meu manancial de deleite – e dor.

Rosa tatuada em confiança ao caminhar, sempre em frente. Herança e fidelidade ancestrais.

Rubra é a cor do meu fogo; e também da loba que me alimenta.

Do sangue que escorre por entre minhas pernas à seiva que alimenta cada uma de minhas células … Tudo voleia. Tudo sopra. Tudo dança.

No ato, no atrito, no grito – erupção.

Você não entende nada, homem, do que permeia ser íntima da morte e do renascimento. Ciclos. Existências. Espirais.

Encaro mortes; e morro, por vezes … muitas vezes. Ou quase!!!

Dos contos de fadas, lapidei-me púrpura. Rubi, por opção bruto.

Respiro vida. Caminho incerto. Substrato carmim.

– DESEJO.

Publicado por Adriana Agnese

Mulher. Escutadora. Viajante. Ser humano em desfragmentação. Advogada por profissão. Psicanalista por vocação. Astróloga por paixão. Artista em construção, descobertas e estranhamentos — mergulhando fundo, e/ou voando alto, por entre plenas e autênticas experimentações da liberdade de criar e da criação libertária.

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