Três da manhã
pesou-lhe a mão que lhe fez
filhos.
da cama ao chão
subsolo da humilhação
caída. alma e camisola
em desalinho
o quarto, arco de entrada
porta de saída
dizia o dedo em riste.
ela, rainha em seus desejos
ela, rama de lenha molhada
foi o que lhe dera a existência.
A mulher há incontáveis sóis
não pescava caranguejos na lama
não comia peixe salgado para o mês
arrancado de anzóis.
raízes. voltar já foi ideia,
coisa nenhuma
pluma levada
sem alcance de seu fôlego.
Aquele chão também
lhe pertencia.
pelourinho privado
ela mesma o ergueu.
seus pés rachados
sempre vermelhos
um brilho de medrança.
iscas de atalhos.
A dor planta areia
nas vistas
faz cortes sem parábolas
versículos
sem bíblia que os queira.
Ergueu-se. largou
a história. o fogão. o in mente.
Consigo:
a vergonha do despejo
o vulcão do novo
a barriga de oito meses
sem destino para chegar.
Recomeço
RECOMEÇO

Lindo!
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Oi, poeta querida, muito obrigada. Um beijo
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A dor da humilhação e a força do recomeço. Quantas batalhas essa mulher travou para encontrar sua vitória. Um poema para refletir. Parabéns, amiga. Bjs
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Oi, Elaine querida, muito obrigada. Sim, há muito o que refletir nesse poema. Grande beijo
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Partiu, mesmo sem destino aonde chegar. Restou o seu olhar, e através dele, o nosso olhar. Obrigada.
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Oi, Sandra quantas mulheres vivem ou viveram este absurdo de exílio! Muito obrigada pelo seu comentário! Um beijo, minha querida
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Que poema sensível e doloroso. Mas que deixa a reflexão e um lampejo de esperança. Parabéns!
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Oi, Lidiane, sim. Sempre dá para recomeçar, quando podemos respirar. Um beijo. Muito obrigada
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Oi, Lidiane, sim. Sempre dá para recomeçar, quando podemos respirar. Um beijo. Muito obrigada
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Oi, poeta querida, muito obrigada. Um beijo
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