Canto da jandaia, Alencar te definiu. Ara ou Arara, és ninho e periquito. num assobio, Ceará. de anônimos e imortais. Tua identidade múltipla, jangadeiro jangada etérea em Patativa abrigas Caatinga, em ti ouve-se ao longe os sons Tupí e Jê negociando a Tatajuba a Oiticica, o Algodão Bravo. Teu povo sabe das armadilhas da seca. tórridas manhãs de sementes mortas. Ceará das chapadas, serras rios , açudes, soldadinho - do- araripe e uirapuru-laranja, de matas e cocais talhados na madeira pinturas nos jarros adornados e garrafas coloridas brilham nos olhos incrédulos de tal beleza . Ceará, tua gente fez do cipó admiração para teu país. o estrangeiro rende-se à tua renda, às artes nascidas da Carnaúba e Aroeira. São muitos os caminhos descalços onde sangram os pés de teus filhos naturais ou adotados, chegados ou fugidos. Caminhos, feito renda intrincada no bilro milagre nas mãos falantes, lacrimosas das bocas cantadeiras de tuas rendeiras. Ceará, de metrópoles e cidades de única avenida. em tuas confusas ruas mambembes nos sinais minúsculos shows, a arte e a morte em convívio. ebulição dos camelôs no centro abafado que pára numa esquina. não acredita no que vê. Ceará, da palha das barracas ou do barro dos lares esquecidos ao mármore dos shoppings. da ebulição dos camelôs no centro abafado que para numa esquina, sem acreditar no que vê. Muitos, teus braços e pernas nos salões de dança sensual conversas hilárias. Ceará do almoço apetitoso com sumo da cana moída e pastel dos deuses. do gosto doce da carne de caranguejo das multidões nos ônibus das lotações. carros de luxo sufocados pelo escaldo dos asfaltos e pela inexorável modernidade dos teus empreendedores. Ceará, com o mesmo olhar contemplas mar lua internet. adentras em trilhas da Meruoca, no frio de Viçosa, na fé em Canindé, em Juazeiro do meu Padim Ciço. teu povo paga promessas que não fez. jura que é feliz, porque sois seara, sois Ceará.
Crédito da Imagem: Foto por Sunsetoned em Pexels.com
“Os textos representam a visão das respectivas autoras e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Bela homenagem ao nosso amado Ceará.
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Maravilhoso, Jovina! Tantas referências ao nosso multiplo Ceará, tão aldeia e tão cosmopolita! Parabéns!
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