Ela me chegou num dia nublado pela tristeza com uma pergunta que parecia simples, coisa de gente que soma dois mais dois e realmente encontra quatro. Meu somatório tendia a cinco, mas, naqueles dias, eu só enxergava o três como resposta.
Sem humor, ouvi o que tinha a dizer. Eu não devia jogar tudo que construí para o alto pelas minhas paixões. Paixões queimam rápido e se apagam. Definitivamente não, não era isso que eu queria. Eu devia querer a chama que perdura, a velha e boa estabilidade emocional, nada de arroubos, só a sabedoria das escolhas simples.
Achei pouco.
Argumento fraco. Qual filósofo disse que devemos aceitar tão pouco da vida?
Não era pouco o que tinha. E se continuasse com consistência em meu caminho obteria muito mais do que imaginava. Eu precisava apenas me manter no curso, ajustar as velas, meu vento de prosperidade estava soprando.
Meu ego gritou “ganho o que com isso? Com essa tal sonhada consistência?” Ela me respondeu com um sorriso: o mundo pode ser seu.
Na carreira, conseguia me ver sentada na mesa da chefia, comandando aquelas pessoas com meu estilo de liderança. Era isso, eu queria abraçar aquela ideia. Mas ela não vinha sozinha. Vinha com o casamento a reboque, com um plano infalível do Cebolinha para derrotar a Mônica. Novamente, chamada à consciência, um recado simples: “casamento sem amor, sem um amor profundo, melhor não casar.”
Fiquei intrigada com esse conselho, para mim era fácil, só divorciar se não der certo! Não, novamente, não tinha como ser casada apenas por convenção social. Era preciso entender que seriam necessárias boas doses de superação de obstáculos, salto, natação, e outros esportes olímpicos para lidar com as diferenças que se mostram quando um prefere assistir o futebol e o outro a novela.
Me imaginei nesse momento no curso certo: sabia que casamento só com amor, que carreira é se manter numa rota bem traçada, porque a ladeira é grande e a marcha é lenta.
Ainda precisava entender que nem todos que se apresentavam como amigos assim o são. E que dirigir minha vida é como guiar um carro. Às vezes aceleramos, às vezes pisamos no freio, olhamos para trás antes de mudar de curso, de pista, de rumo, e vemos se a passagem que nos dão está realmente livre e não nos conduzirá ao caminho esburacado.
O melhor de todos os conselhos: compre seu carro e dirija sua vida.
Não foi exatamente assim, mas eu entendi.
Crédito da Imagem: Foto Pexels.com
“Os textos representam a visão das respectivas autoras e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Texto inspirador que nos faz refletir sobre a importância de se ter por perto quem realmente nos ama.
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Ahhh e como é bom ter por perto alguém que nos ama e nos diga coisas como “arruma a sua cama!”. Obrigada pelo carinho e pela inspiração ♥️
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É por aí; como “viver não é preciso”, é melhor aprendermos a dirigir nossa vida sabendo dessa imprecisão. Vou lembrar disso quando for trocar de carro..
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Flávio, obrigada pelo carinho! Rsrsrs… eu ouvi esses conselhos, e de vez em quando me pego precisando revisitar eles. É bom deixar espaço para o imprevisível e para os amigos que chegam ♥️
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Gostei do texto e achei muito legal sua iniciativa … não sabia desse lado seu tão sensível e literário…
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Obrigada, meu amigo!
Há quase um ano eu e mais uma amiga fundamos esse coletivo com a ajuda de outras mulheres e publicamos nossos escritos uma vez por mês. Te convido a ler os outros textos, são todos muito bons! 😍
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Ah! A vida sempre nos desafiando em busca de um ideial e do real! Do constante e do emocionante. E essa amiga linda que nunca para de me deixar boas lições e reflexões!!!
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Ownnnn amiga ♥️♥️♥️♥️
As lições que tento aprender há anos…
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Adorei. Lindo texto!! Parabéns Elaine pela escrita. E a vida é isso mesmo, uma eterna procura.
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Ivone 🥰🥰
A cada 5 anos me descubro realinhando essa jornada, revisando minha busca. E quando olho, vejo quanta gente maravilhosa cruzou meu caminho. Obrigada por fazer parte! 💖
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Elaine querida, parabéns! Seu texto nos põe a pensar deliciosamente, não há peso nem dor em suas reflexões, tão certeiras quanto imprevisível é viver. Achei muito legal você deixar com o leitor a seguinte pergunta: afinal, a narradora, aqui em prmeira pessoa, vai ponderar e planejar a própria vida, ou ela simplesmente se entregará ao incerto,? A tarefa da resposta é para cada um de nós, seus leitores, e imagino a diversidade de decisões que teu texto ensejará. Parabéns. Um beijo!
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Jovina, como é bom te ler na minha escrita… tanta reflexão boa trazida aqui, que só você e meus queridos leitores poderiam me dar de presente. Aceitamos o conselho de quem nos ama ou dirigimos nossa própria vida?! Kkkk
A vida é isso! Bjs
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