“Há três anos eu não esperava que estaria aqui, neste bar, tomando cerveja sozinha enquanto observo o ambiente, as pessoas e reflito sobre tudo o que aconteceu e o que pode acontecer. Há três anos eu não me permitia experimentar sequer esse copo de cerveja amarga…”
Solidão, amor, dúvida, melancolia, traumas, e uma série de experiências por vezes doces, por vezes amargas, que experimentamos ao longo da vida. Desta forma, Rebeca Maia nos traz onze belíssimos contos, a maioria deles em primeira pessoa, no livro “Cerveja Amarga”, da Ipêamarelo.
A escrita simples, porém refinada e cirúrgica da autora, nos permite pensar, e também sentir. As narradoras nos conduzem pela dor da separação, o dramas familiares, a sensação de vazio, entre outras passagens comuns mas, ao mesmo tempo, marcantes da vida. Impossível não se identificar com uma, ou muitas, das situações relatadas, como em Asas Feridas:
“Meu problema sempre foi ser intensa demais, em tudo, e a maior frustação foi não receber de volta toda essa dedicação”.
Ou no conto que dá título a obra.
“Alguns dizem que o tempo cura qualquer dor. Ele cura, mas não apaga as marcas, as cicatrizes”.
Um livro que, além de profundo e altamente significativo e empático, é de uma leitura leve e rápida. Perfeito para aqueles que buscam uma fruição prática, mas sem perder a qualidade e o conteúdo.
Destaco ainda a forte presença da mulher nas estórias. Contados pela perspectiva feminina, os contos trazem toda a profundidade do olhar delas, em um mergulho pela nossa experiência, o que é tão importante de ser ressaltado nos dias atuais.
Outro ponto a ser reforçado é a coragem empregada pela autora em cada uma das personagens. Autênticas, modernas e corajosas, as mulheres do livro nos fazem pensar em nós mesmas, nossos desafios, e a força necessária para rompermos ciclos que já não nos fazer bem, e termos a garra necessária para nos lançarmos no desconhecido.
Sou suspeita para falar, mas super recomendo, pois amei o livro.
Enfim: “Cerveja Amarga: um livro para ler, reler, amar e… deliciar-se!”.
((Esse texto é de autoria da escritora e jornalista Carolina Pessôa. Mais informações no site http://www.carolinapessoa.com.br e no insta @carolinapessoa25))
Gostei demais do seu texto, Carol.
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