Dizem que o amor se faz da ausência, da falta.
A psicanálise chega a afirmar que amamos a falta que sentimos do objeto desejado e, não, o objeto em si.
E faço deste texto uma reflexão conjunta, uma troca de questionamentos. Porque sobre o amor, nunca teremos respostas prontas.
Para mim, a distância é dicotômica: acende e apaga, faz desejar e desconfiar, desperta o desejo e a dor, é suportável e, às vezes, insuportável e com a mesma intensidade que aproxima, pode afastar.
Outra reflexão é: se o amor se constitui na falta, é por isso que os casamentos tradicionais fracassam (em sua grande maioria)? Excesso de presença?
Independente da distância física, perto ou longe, acredito que deve-se manter um espaço para que o outro possa continuar com sua individualidade.
Relações parasitárias enfraquecem os envolvidos, matam a falta um do outro e, consequentemente, adormecem homens e mulheres selvagens, em suas ancestralidades e necessidade de se sentirem “vivos”.
O fato de amar e estar com alguém jamais vai acabar com o desejo e a atração por outros corpos, todavia, precisamos ter plena consciência que nos construímos, dia a dia, pelas escolhas que fazemos.
Precisamos ter nossos “contratos” atualizados, deixar claro o que esperamos, permitimos e negociamos, porque, principalmente quando há distância, vai bater, sim, a insegurança.
E para não tornar o texto tão longo, a ponto de ser um abismo para o seu interesse, as distâncias também se fazem debaixo do mesmo teto. Neste caso, não aquelas que alimentam o amor e atiçam o desejo, mas aquelas que matam qualquer fagulha no coração.
Como em tudo na vida, até para fazer falta, é necessário temperança. Principalmente, quando a serendipidade é a mãe dessa relação.
E posso te confessar uma coisa? Sabe o que ameniza todos os sintomas de saudade? A certeza da reciprocidade, da confiança e da responsabilidade afetiva. Afinal, estar junto, é uma escolha de duas pessoas plenamente conscientes dos seus atos.