Me peguei pensando que comecei a morrer, após um pesadelo. Nele, eu mergulhava no fundo de um mar, e não mais voltava.
Acordei assustada, suando.
Mas afinal, quando começa a vida, e quando ela de fato termina?
Seria viver estar preso a um corpo material, que apodrece aos poucos? Ou a vida teria um significado muito mais abstrato e metafísico, como pregam religiões e filosofias?
Levantei. Tomei um copo d’água.
E recebi a notícia de que meu humorista preferido havia partido. No mesmo dia em que completa um mês que o mesmo ocorreu com meu professor de literatura favorito.
E um menino vítima de bala partida.
E o pai de uma amiga.
E tantos outros esquecidos pelo tempo.
Parece mórbido, mas pela primeira vez me dei conta de minha própria finitude. Parece que a morte me rondava, esperta e sorrateira.
E senti medo. Um medo apavorante que quase me congela.
Como conseguimos seguir em frente sabendo que a jornada pode ter um fim a qualquer momento? Será que por isso temos filhos, escrevemos livros e plantamos árvores?
Será que por trás de tudo o que fazemos, está o desejo de nos eternizarmos, frente a irremediável realidade: nosso fim ocorrerá, quer queiramos ou não?
Corri para o computador. Precisava escrever sobre isso. E junto com lágrimas de pânico, nasceram versos, poema, prosa…
E um sorriso. Seria a vida, para um escritor, renascer em suas palavras todos os dias?
Crédito da imagem: Foto por Ketut Subiyanto em Pexels.com
“Os textos representam a visão das respectivas autoras e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Adorei o texto, Carol. Em poucas linhas, fui inundada de reflexões poderosas. Parabéns!
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Muito obrigada!
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