Olhei para fora e as gotas da chuva escorriam pelo vidro da janela na mesma sintonia das minhas lágrimas. Por um instante, me perdi nessa visão e esqueci um pouco da dor.
O dia estava cinzento e melancólico. A música ao fundo também inspirava uma atmosfera tristonha.
O trinado lamentoso de um pássaro me tirou do devaneio. Olhei lentamente para cima e o vi cortando o ar com seu voo planado. Ele parecia solitário. Talvez estivesse bailando alguma melodia saudosa. Uma fisgada forte me trouxe de volta a minha agonia.
Catei um pedaço de papel qualquer e com um lápis recém-comprado, anotei esse recorte do tempo. Contei sobre as gotas no vidro e sobre o pássaro viajante.
Escrevi porque senti um desejo frívolo de eternizar aquele momento. Escrever geralmente me ajuda a aliviar anseios e dores. Trata, cuida e algumas vezes me consola.
Guardei com carinho aquela anotação e por um tempo nem lembrei mais dela. Esses dias, arrumando umas gavetas da mesa de cabeceira, encontrei o pequeno texto e pude reviver, agora de forma aliviada, os sentimentos de outrora.
Crédito da imagem: Foto por Markus Spiske em Pexels.com
“Os textos representam a visão das respectivas autoras e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Querida, que leveza no texto. E que objetividade, sem abrir mão de um certo lirismo. Parabéns! Um beijo
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Lindo e leve, Lydia! Parabéns!
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*Lidya
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