Por: Elaine Resende
O DJ anunciou a hora do intervalo e colocou uma música antiga, que ele reconheceu imediatamente de um dos discos da sua mãe. Era uma música muito romântica, que falava sobre um homem que admirava uma mulher com a qual dançava, a mais bela de todas, cobiçada pelos homens no salão.
Ela estava de pé em seu vestido vermelho, observava os pares se formarem sem expressão definida. Ele começou a andar em sua direção, o coração batia acelerado. Quando estendeu a mão, ela aceitou. Naquele momento, para ele, não existia ninguém mais além dos dois juntinhos, de rosto colado. Ele encontrou os batimentos do coração dela e sentiu que estavam no mesmo ritmo. Havia espaço para ele, gritava aos solavancos seu peito.
A música era a mais perfeita descrição do que experimentava. Imaginou seus corpos físicos flutuando como uma projeção astral. A cadência de seus passos, a respiração quente, tudo conspirava por essa união. Em seu íntimo, podia ouvir o sussurro do universo em seus ouvidos que dizia que este encontro havia sido escrito muitos anos antes, eram almas que anseiam pelo reencontro.
Quando a música acabou, ele a segurou firmemente em seus braços e a jogou para trás, deixando que a curva de seu pescoço se mostrasse, os cabelos pendendo no ar. Trouxe seu corpo suavemente para cima e, enquanto os casais se dissipavam por aqui e por ali, beijou-a com paixão.
Ela sentiu a tensão daquela noite descer de seus ombros e buscar outros pontos onde se hospedar. Estava desacorrentada, como se o último elo do grilhão que ainda a prendia a outro homem houvesse rompido. Ela encostou sua mão em seu peito e se aconchegou em seu ombro. Ele exalava calor e um cheiro de almíscar inebriante. Ele era algo de delicioso e reconfortante, tão inexplicavelmente gostoso que ela não tinha palavras para descrevê-lo. Ele era fortaleza, uma tarde de outono em maio, o perfume das árvores.
Ela olhou dentro de seus olhos e viu quando seu olhar encontrou sua alma. Sua íris, de um caramelo cristalino e marcante, parecia única. Lembrou da música que sua mãe cantava sobre os olhos castanhos… raios de luz. Abriu um sorriso bobo, era a noite adequada para isso, sorrisos bobos. Ele sorriu de volta.
Ainda estavam no meio do salão quando a música eletrônica recomeçou, acordando ambos do transe em que se encontravam. As pessoas adentravam freneticamente no ambiente, que estava muitos decibéis acima do que a audição humana deveria suportar.
Ele beijou a parte de trás de seu pescoço, próximo a sua orelha, e segurou sua mão com confiança. Ela podia ler seus pensamentos. Caminharam juntos de mãos dadas, lado a lado. Ele agora sabia o que nunca havia se permitido sentir, mas estava lá. Nunca mais a perderia para ninguém, ele a amava, mesmo que isso significasse magoar outra pessoa. Mesmo que essa outra pessoa fosse seu irmão.
Crédito da Imagem: Foto por Anton H em Pexels.com
“Os textos representam a visão dos respectivos autores e não expressam a opinião do Sabático Literário. ”
Uauuuuu ! Amo o seu estilo ! Sutil, envolvente, sensual limítrofe ! Bom demais !
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Uhuuuuu! Obrigada, meu amigo! ♥️♥️
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Parabéns, emocionante. Texto que li ansiosamente para saber o final. Cheio de sensualidade e pulsão de vida.
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Obrigada, Karla! As paixões, sejam físicas ou não, nos trazem esse bater acelerado no coração. 💖
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Maravilhoso! Muito descritivo e sútil! Amei!
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Obrigada, Dani ♥️
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Adorei sua narrativa, amiga.
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Obrigada, Lidynha 😍
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Eu acho que eu estava no cantinho escuro desse salão observando esse casal. Amei!
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Eu tb! Kkkk…
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Que delícia essa sensação de novo amor! É meu próximo passo…
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É delicioso esse arrebatamento! Que vc possa vivê-lo intensamente 🌷💖
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