Por: Julia Quintanilha
Vermelho, laranja, rosa, marrom. Ela observava as cores e pensava no quanto sentia vontade de usar um, mesmo debaixo da máscara, sem ninguém ver. Que mal faria?
Vermelho, laranja, rosa, marrom. Ela observava as cores e pensava no quanto sentia vontade de usar um, mesmo debaixo da máscara, sem ninguém ver. Que mal faria? Depois de um ano de pandemia parecia estranho usar aquele objeto que fizera parte da sua vida por tanto tempo, e agora estava esquecido na penteadeira.
Lembrava de quando era criança e pegava o batom de sua mãe escondido e usava nos lábios, nas bochechas, nos olhos, e provavelmente no rosto inteiro, o que resultava numa bronca, é claro. Pouco depois veio a fase do gloss, que deixava a boca brilhosa e levemente colorida, visual que ficava tão bonito que valia a pena sentir o cabelo grudando nos lábios a cada ventinho.
Então chegou a vez na descoberta despretensiosa do batom vermelho, e o poder que ele carrega consigo. De repente seu rosto parecia diferente, com a boca ganhando muito destaque, e tudo parecia reverenciar a cor, ou refletir o esplendor dele. Mas não só por fora, não, o batom vermelho tem o poder de mudar por dentro! E ela sentiu uma força e atitude que achou que nunca teria, conquistar o mundo parecia possível com o uso do batom, e todos ao redor sentiam o magnetismo dele. Tudo graças a um simples batom.
Mas com ele vem também os olhares ruins, algo que ela teve que aprender a ignorar por que nem todo mundo consegue lidar com esse poder. E foi quando ela abraçou o controverso, escolhendo cores como roxo, preto, e até mesmo azul, que muitas vezes fazia sobrancelhas arquearem e senhoras se assustarem, mas ela nunca se sentiu tão bem assim. E quando usava o batom, mesmo que sua vida estivesse um caos, ela sabia que algo ainda estava ali, podendo ser a manutenção da vaidade, beleza, poder, sedução, se tornar menininha ou mulherão.
Houve também, não ousa esquecer, a fase dos milhares de tons de rosa, lip tint, e sombra na boca, e foi incrivelmente difícil encontrar um tom de nude que ficasse perfeito nos seus lábios, mas ela conseguiu. Vitória.
E foi assim que esse pequeno objeto fez parte da sua vida, sendo o vetor de mudanças ou apenas uma forma de expressá-las, ou até mesmo uma corzinha para que o rosto ganhasse vida. E foi então que ela escolheu o rosinha vintage, aquele que mais transmitia seu eu atual, e escondeu os lábios pintados debaixo da máscara. Olhando no espelho, não parecia que tinha feito nada de diferente, mas uma parte dela sentia que hoje o dia não seria igual aos anteriores, porque ela estava usando batom.

Julia Quintanilha
Olá, o meu nome é Julia, e sou perdidamente apaixonada por ler e contar histórias, principalmente as que são encontradas em livros. Graças ao amor pela leitura, descobri o mundo da escrita e me tornei habitante. Espero que goste do que tenho a dizer.
Crédito da Imagem: Julia Quintanilha
“Os textos representam a visão dos respectivos autores e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Também gosto de usar batom em baixo da máscara mesmo que ninguém veja eu me sinto mais bonita. Parabéns lindo texto.
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Muito obrigada!
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Eu amei o texto, uso batom em baixo da máscara kkkkk
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Tá errada? Não kkkkkk
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Leve, sensível, gostoso de ler…vontade de passar um batom e me empoderar agora mesmo. O batom embaixo da máscara revela que não somos fortes com o que o outro vê, mas como nos sentimos qdo enxergamos a nós mesmo. Parabéns!!!
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Sim, é pra gente, né? Obrigada!
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Também uso batom embaixo da máscara pra mim, por mim 😉.
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