Por: Sônia Souza
Na porta da cozinha ela se sente segura
Afinal, no doce lar, cada um tem seu espaço
Da porta da cozinha ela espreita a sala
Por vezes não acredita em tudo o que conquistou
Da porta da cozinha ela olha a janela
Lembra do diploma, prêmios, cargos conquistados
O sucesso ainda por vir
Mas... há uma linha invisível e forte
entre a porta da cozinha e o mundo
Que insiste em prender sem amarras
Constranger sem palavras
Paralisar sem pudor
Na porta da cozinha ela se sente segura
Afinal, no doce lar, cada um tem seu espaço
E transgredir é delírio de quem não é
Na porta da cozinha tudo se conforma
E quem canta a liberdade lá fora
Aqui é presa dócil
Da porta da cozinha
Vê-se a nudez da realidade
Árida e experiente
Mas... tudo passa
Desde que se continue
simples e irremediavelmente
na porta da cozinha
Crédito da Imagem: Pexels
“Os textos representam a visão dos respectivos autores e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Muito legal esse paralelo dos papeis da mulher fora e dentro do lar. Parabéns!
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Sônia, existe uma melancolia saudosa do passado e do que o futuro reserva, essa linha tênue é o presente. É suave, é bom de ler, é humano e real. Todas estamos representadas neste poema. Obrigada!!!
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