Quando eu ainda era criança ouvia muitas histórias infantis. Mesmo que durante toda a narrativa houvesse o relato de sofrimento ou dificuldades no final sempre acabava tudo bem. Com certeza o príncipe se casava com a mocinha mesmo que ela fosse a gata borralheira.
Toda história terminava muito bem. Os malfeitores eram castigados e os bons recompensados. No entanto o que havia de mais importante era o casamento dos protagonistas, que eram “FELIZES PARA SEMPRE! ”
Cresci ouvindo esses relatos e percebia que não era bem assim. Via casais que se amavam tanto e que viviam uma relação infeliz e cheia de violência.
Percebia, às vezes, ela se queixar para as vizinhas. Outras vezes, ouvia uma voz de homem dar um grito alto com sua mulher e além de humilhá-la fazia com que ela se sentisse envergonhada diante das outras pessoas, como se fosse a culpada por ele ficar nervoso. Ele um pobre pai de família mal compreendido pela própria esposa.
Os anos se passaram, deixei de ouvir histórias de Cinderelas e passei a prestar mais atenção nos relacionamentos de casados e namorados. Percebi que os jovens se sentindo preparados começaram a ter pressa para construir suas vidas de adultos, seus relacionamentos amorosos e muitas vezes não se davam conta de toda a responsabilidade de uma vida a dois.
A descoberta do amor trazia uma certeza de se ter encontrado uma paixão para o resto da vida e que seriam felizes para sempre. Aquela paixão muitas vezes virava um grande pesadelo.
A descoberta do amor não correspondido ou ainda a falta do amor que pensava existir em seu peito por aquela pessoa, levava a um grande sofrimento. A separação do casal, o reconhecimento da escolha errada, a desilusão amorosa levava a uma grande frustação e culpa.
Durante algum tempo este reconhecimento do erro desmotivava o casal que deixava de tentar se ajustar, e passava a viver insatisfeito e desanimado, transformando o lar doce lar em uma prisão.
O divórcio trouxe a esperança e o direito a uma nova união civil para quem assim desejasse. Foi um alívio para muitos filhos que deixaram de conviver com a guerra entre seus pais. A separação trouxe a oportunidade de acerto para um novo casamento e para as crianças uma nova chance de serem amados pelos casais agora formados por seu pai e madrasta e mãe e padrasto.
Sabe-se agora, que final feliz não é apenas aquele das histórias de príncipes e princesas, mas sim de mulheres e homens que reconhecendo a escolha não muito certa, assumem e aceitam uma separação e vão em busca de uma vida equilibrada e feliz, onde não há lugar para violência. Agora sim, é o verdadeiro FINAL FELIZ da história, onde há respeito e amor.
Crédito da Imagem: Pexels.com
“Os textos representam a visão das respectivas autoras e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Oi, Ana Angélica, que beleza de ensaio! Parabéns! Um beijo, querida!
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Respeito e amor são as chaves para uma vida feliz, também acredito nisso. Parabéns, Angelica.
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