Chiado. Chiado.
Rádio traçadores, Rádio traçadores. Zum. Zum. Zum.Zum.
Sinal. Rádio traçadores. Entrada liberada.
A mensagem era enviada por corredores estreitos sob uma luz intensa que se alternava ao refletir o rio vermelho durante o percurso.
Na corrida, nenhum soldado é abandonado, eles mantêm o ritmo constante.
Uma forte correnteza faz com que eles naveguem em fluxo contínuo. Há um bombeamento que torna o rio fluído, impulsionando-os sempre em frente.
O primeiro pelotão de rádio traçadores chega ao destino e se aloja rapidamente. Eles não sabem, mas um gigantesco scanner verifica a área. Estão acuados enquanto a leitura é feita. Uma central recebe as informações e processa suas imagens em tempo real, mas…
Nenhum som é emitido. Onde está o inimigo?
Nesse momento, nem a correnteza vermelha parece se mover com velocidade. A pouca luz obrigava-os a se alinhar e movimentar com sincronismo, como pássaros em voo no céu, reconhecendo o espaço no qual estão confinados.
O segundo pelotão é lançado na correnteza e a luz forte, que alterna períodos de total escuridão, os guia no mesmo caminho. É preciso chegar ao primeiro grupo e unir forças. Quando finalmente encontram o alojamento, estão sencientes de que há algo maior que os vigia.
O scanner varre a área e observa, num zunido quase imperceptível, aqueles guerreiros em seu espaço, as imagens sendo enviadas para uma central, onde ninguém nada vê. De súbito, uma ordem, o caos se instaura.
A central envia um carregamento da droga LA-6, um ataque sutil e letal, capaz de gerar um grande desequilíbrio eletrolítico: tonturas, agitação, sede, boca seca, náuseas e taquicardia. Uma efervescência crescente faz com que o rio se torne uma torrente caudalosa, arrastando tudo por onde passa, tal qual um terremoto no meio do mar.
Quando a onda gigante de LA-6 atinge o alojamento, os rádio traçadores são obrigados a nadar rapidamente para escapar da morte por sufocamento causada pela droga. O segundo pelotão mal chega a se alojar e é realocado em outro acampamento, mas tudo é provisório, e sua situação está por um triz.
O scanner continua acompanhando seus movimentos.
Eles se movem aleatoriamente.
Minutos depois, tudo está acabado.
Dois pelotões de rádio traçadores foram completamente exterminados por meio de uma central de processamento de dados, uma inteligência artificial, sem contato humano, sem amparo.
O rio vermelho segue seu curso. O scanner volta a sua posição inicial.
Um dia as imagens serão analisadas por olhos humanos, e o grande massacre dos rádio traçadores será lembrado. Bem como sua virtude tóxica.
Crédito da Imagem: Foto Pexels.com
“Os textos representam a visão das respectivas autoras e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Máquinas em sucessão ! Amorais ! Adoro !
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Máquinas comandando nossas escolhas e nossa saúde… 😊😊
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Quanto mais avanços tecnológicos nos scaner, melhor, menos invasores do rio vermelho sairão ilesos.
Com certeza virão novos rádio traçadores. Que estejamos prontos!!!
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Hahaha verdade, Edi! Não queremos invasores no Rio vermelho!
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Oi , Elaine, parabéns pelo seu texto. Quantas realidades hoje eram ficção que imaginávamos nunca seriam realidade, mesmo que em futuro distante! Seu texto é um alerta à ciência e à tecnologia. Fica uma pergunta: É ético o homem , alegando a melhor ciência, a melhor tecnologia evoluir para o caminho para o extermínio da humanidade e da nossa mãe terra? Obrigada, um beijo. Parabéns, minha amiga seu texto é apropriadíssimo.
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Obrigada, Jovina! As ficções distópicas nos servem bem para alertar para um futuro que só depende de nós. Vamos cuidar, da vida e da terra!
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