Por: Lidianne Monteiro
Não se demora no museu
Não se quer souvenir
Tudo o que se quer é partir
Os corredores estão vazios
As gargalhadas nas prateleiras soam tristes
De repente se está lá, sem que se queira estar
Já era outro tempo e foi a música que lhe levou
O perfume que lhe levou
A cicatriz na pele
O filme em cartaz
A rua movimentada
O sorriso de alguém
O seu sorriso também está no mural
Na instalação que ninguém entenderia
É tarde
Já lhe levaram ao museu de novo
À força
Nessas idas e vindas
As prateleiras estão abarrotadas
Há gavetas fechadas
Não é preciso abrir para saber o que está lá
Não se demora no museu
Não se quer souvenir
Tudo o que se quer é partir
Só que foi o partir que lhe levou ali
O gosto salgado desperta
E se bate em retirada
Apressada
Até a próxima visita
Que demore
Em que não se demore
Até que se deixe de ir
Crédito da Imagem: Pexels
“Os textos representam a visão dos respectivos autores e não expressam a opinião do Sabático Literário.”
Nossos museus nunca fecham as portas, mesmo que sejam apenas as portas das lembranças. Lindíssimo poema!
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Isso mesmo! É um museu ambulante pessoal e intransferível. Obrigada Cláudia!
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Gostei da parte que não se demora no museu. Verdade, demorar é deixar-se paralisar. O museu esta dentro de nós, em gavetas fechadas, que permaneçam fechadas até que tenhamos coragem de abrir, sem gosto salgado. Parabéns.
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Obrigada, Karlinha!
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