NO MUSEU DOS AMORES PERDIDOS

Por: Lidianne Monteiro

Não se demora no museu

Não se quer souvenir

Tudo o que se quer é partir

Os corredores estão vazios 
As gargalhadas nas prateleiras soam tristes
De repente se está lá, sem que se queira estar
Já era outro tempo e foi a música que lhe levou
O perfume que lhe levou
A cicatriz na pele
O filme em cartaz
A rua movimentada
O sorriso de alguém
O seu sorriso também está no mural
Na instalação que ninguém entenderia
É tarde
Já lhe levaram ao museu de novo
À força
Nessas idas e vindas
As prateleiras estão abarrotadas
Há gavetas fechadas
Não é preciso abrir para saber o que está lá
Não se demora no museu
Não se quer souvenir
Tudo o que se quer é partir
Só que foi o partir que lhe levou ali
O gosto salgado desperta
E se bate em retirada
Apressada
Até a próxima visita
Que demore
Em que não se demore
Até que se deixe de ir

Crédito da Imagem: Pexels

Os textos representam a visão dos respectivos autores e não expressam a opinião do Sabático Literário.”

4 comentários em “NO MUSEU DOS AMORES PERDIDOS

  1. Gostei da parte que não se demora no museu. Verdade, demorar é deixar-se paralisar. O museu esta dentro de nós, em gavetas fechadas, que permaneçam fechadas até que tenhamos coragem de abrir, sem gosto salgado. Parabéns.

    Curtir

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: