Foi numa quarta-feira que nos conhecemos, você estava cantando no barzinho que meus amigos me indicaram. Nunca havia ido lá, mas naquela tarde, vesti um macacão azul e desliguei a internet do celular para ninguém me localizar. Estava animada em conhecer novas pessoas desde que teria que me apresentar para o programa de intercâmbio na Universidade Hankuk no dia seguinte.
—Seja bem-vinda, espero que goste da nossa música! — Foi o que um dos rapazes disse antes de apertar a minha mão.
— Espero gostar, muito obrigada! — Consegui dizer depois de ficar meio perdida.
Logo depois, eu voltei a escrever no computador pois havia saído de casa para testar um novo ambiente para inspirações quase já escritas. O ambiente foi certeiro, a mesinha era feita de madeira envernizada com uma cor bonita que não consegui descrever, havia uma tomada próxima e naquele dia, me permiti a começar um novo ritual. Embora eu ame café, quis provar algo novo. Pedi o drink de frutas vermelhas que o rapazinho me recomendou e caramba, foi quase uma viagem pois o sabor era incrível e não havia nenhum teor alcoólico, até porque estava dirigindo.
Em meio a apreciação do drink, a música começou. Confesso que no início não prestei atenção, até cantarem minha música preferida. A partir dali o notebook foi encerrado e entrei em modo off-line.
“Teus lábios são labirintos, que atraem os meus instintos mais sacanas, E o teu olhar sempre distante sempre me engana, eu entro sempre na tua dança de cigana”
Pode até parecer meio clichê mas olhares começaram a se encontrar e o ambiente se fez mais lar. Foram até ás nove e pouca da noite, já estava extasiada. Mas antes de ir, soube que aquele não era só um momento e mesmo sabendo que talvez fosse apenas um ar diferente, fiz o contrário do que normalmente faria.
—Rapaz, venha aqui, por favor. — Chamei o “garçom” — Faça um favor para mim, entregue este mesmo drink com este recado para o cantor. — O rapaz me olhou e acenou com a cabeça levando o bilhete e algumas notas.
Esperei até que fosse entregue e recebi um olhar mais incógnito seu. Antes de ir embora, você veio em minha direção, me abraçou e ficou me olhando até sua boca encaixar no canto do meu pescoço próximo a orelha. Num sussurro.
— Aceito seu convite com uma condição. — Eu ofeguei e ele continuou— Eu te levo para casa.
— Não, nós vamos para casa. — Sussurrei no ouvido dele — E você, não tem persuasão nenhuma. — E ri.
Peguei a bolsa do notebook e segui para meu carro. Ao passar na porta de entrada, ele me puxou e me encarou.
— Estamos combinados. — E beijou-me como se aquele momento não tivesse fim.
Foi assim que eu, Amanda Santos, conheci meu parceiro de projeto, futuro melhor amigo e meu primeiro amor, um jovem chamado Park Min-ho. Mesmo que antes de conhecê-lo não tivesse ideia que minha perspectiva por relacionamentos iria mudar, estar em um país diferente me deu alguma coragem de arriscar pelo menos uma vez na vida.
Depois de anos trabalhando em uma Inteligência Artificial com Jay e montando um projeto de empresa com Hyung-sik, meu irmão de alma, eu estava voltando para o Brasil. A Shot News foi um processo complicado que com a ajuda desses dois se concretizou em um negócio de sucesso. Vamos ver o que nós três somos capazes de fazer juntos.